A DIALÉTICA DO AMOR PATERNO


Estou publicando esta carta e o vídeo que recebi da minha filha, Camila Norberto Gomes. Esta carta revela a dialética do amor paterno, um tema que sempre ressoou profundamente comigo.

Ser pai nunca foi apenas uma responsabilidade; foi um ato de prazer imenso e amor incondicional pelas crianças – pelos meus filhos e por todas as crianças.

O que se segue é um testemunho sincero desse amor que transcende o tempo e as circunstâncias, um amor que moldou tanto a minha vida quanto a dela.


Olá, pai,

Hoje, domingo, 11 de agosto de 2024, um dos dias da semana em que costumo acordar mais tarde, afinal, a vida adulta chegou, não é? Mas, diferentemente dos outros domingos, hoje acordei mais cedo e bastante nostálgica. Talvez seja pela morte do meu amigo ontem. Lembrei-me da minha infância, adolescência e agora da vida adulta. Em minha memória, tenho tantas lembranças boas de você…

Apesar dos acontecimentos da vida, sobre os quais, infelizmente, não temos controle total. Aliás, não temos controle sobre nada, mas eu acredito que Deus sabe de todas as coisas. Acho que nunca abri meu coração dessa forma para você, mas eu queria dizer que te amo e que tenho tantos momentos bons na memória ao seu lado, sabia? Sinto tanto amor quando minha mãe conta que você estava trabalhando e passou com meu berço de pé, meus aniversários de criança, tantas fotos que você tirou e eternizou meus momentos (talvez seja por isso que amo tanto fotografias e aniversários).

Na minha adolescência, eu te achava meio rude, mas hoje entendo e agradeço por tudo. Graças a Deus, tive um pai para me educar e me fazer seguir o caminho certo. E se hoje sou alguém na vida, é porque você e mamãe estiveram ali me dando todo apoio…

Eu te amo muito e, apesar da distância nos últimos anos, onde quer que você esteja, nunca se esqueça de que tem uma filha que é grata por tudo que você já fez/faz e que te ama muito, ora por você todos os dias e que você nunca deixará de ser o meu pai e eu, a sua bebê, seu “narizinho de fornalha” e a que mais se parece com você, até na braveza.

Quando Carol nasceu, foi um dos dias mais felizes da minha vida, sabia? Nós dois aqui em Cuiabá, lembro-me de cada detalhe… E agora, que sou adulta e preciso pagar meus boletos, fico pensando como você foi um homem forte, corajoso, guerreiro! Trouxe para Cuiabá eu, Carol, mamãe e ainda Suelene (por quem você também foi um pai), trabalhou duro para nos dar o melhor, passeava e sempre cuidava de todo mundo, e é por isso que Deus te abençoou tanto. Seu coração é lindo, e é por isso que hoje aquele rapaz magrinho lá do Pedregal se tornou Dr. João Carlos Gomes.

Camila Norberto Gomes

João Guató

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