O Barranco Liso
Por Ozi Miranda
Era uma noite chuvosa e Clara estava à beira do Rio Madeira, o coração pulsando de expectativa. O barco que trazia os fardos de alimentos para a taberna do sogro estava prestes a chegar, e todos os moradores da região se aglomeravam ao redor, ansiosos por ver os pacotes de café, açúcar e óleo que chegariam em suas mãos. A atmosfera era de expectativa; o cheiro da terra molhada misturava-se com o aroma dos produtos.
O barranco onde todos esperavam era alto e imponente, mas naquela noite, sua superfície estava lisa como um espelho. Clara, descalça, sentia a adrenalina correr em suas veias enquanto observava seus vizinhos lutando para subir com os fardos pesados. Ela decidiu que iria pegar um fardo de café, o mais bonito e cheirosinho que encontrou. Com determinação, ela se lançou na subida.
Mas ah! O barranco não perdoava. Em um instante de desatenção, Clara escorregou. Foi como se o tempo tivesse desacelerado; ela viu o céu e a terra se revezarem em sua visão enquanto rolava ladeira abaixo. O fardo de café abraçado ao seu corpo parecia dançar junto com ela em uma coreografia desastrosa, deslizando pela lama como se fosse um brinquedo.
E então veio o impacto! Clara colidiu com um fardo de açúcar que estava à beira do barranco, quase caindo no Rio Madeira. A cena era digna de uma comédia pastelão: Clara rolando e se debatendo entre os fardos, enquanto as risadas ecoavam lá em cima. Os rostos dos amigos estavam iluminados pela diversão, e as gargalhadas tornaram-se a trilha sonora daquela noite.
Quando finalmente conseguiu se levantar, coberta de lama e rindo junto com todos, Clara percebeu que aquele momento ficaria gravado em sua memória para sempre. A aventura inesperada transformou uma simples espera em uma história hilária que seria contada e recontada nas noites frias ao redor da fogueira.
E assim, naquela noite chuvosa à beira do Rio Madeira, Clara não apenas esperou por fardos de alimentos; ela ganhou uma lembrança eterna – uma lembrança que sempre traria um sorriso ao seu rosto sempre que olhasse para o barranco liso onde tudo aconteceu.