A Corrida Eleitoral: Luxo, Poder e Glória

No cenário das eleições municipais no Brasil, o espetáculo se repete: 16 mil candidatos ao cargo de prefeito e 430 mil em busca da vereança. Mas, afinal, por que essa avalanche de pretensos salvadores da pátria? A resposta pode ser mais simples do que parece: a ambição pelo luxo, poder e glória se sobrepõe ao desejo genuíno de servir ao povo.

Em uma análise sob a ótica da psicanálise, nota-se que muitos candidatos enxergam a política como uma escada para ascender socialmente. O brilho das câmaras, os aplausos e a possibilidade de status são irresistíveis. Para muitos, o sonho de ser político se traduz em conquistar um lugar na elite, onde o acesso aos privilégios e benesses do poder se tornam a verdadeira recompensa.

Nessa corrida, o povo muitas vezes se torna um mero detalhe. As promessas de mudança, quando surgem, são embaladas por discursos que pouco refletem as necessidades reais da população e principalmente dos mais necessitados de políticas públicas. O foco na conquista do poder eclipsa o verdadeiro propósito da política: servir. Em vez de serem ouvidos, os eleitores são frequentemente vistos como um meio para um fim — o troféu que valida a ambição pessoal.

A psicanálise também nos lembra que essa busca desenfreada por reconhecimento é um reflexo de um vazio interno. O ego, ao buscar validação externa, esquece que a verdadeira realização não se encontra em ostentações, mas em relações autênticas. E assim, os candidatos, seduzidos pelo brilho do cargo, ignoram as demandas coletivas, perpetuando um ciclo vicioso onde a política se distancia do cotidiano do povo pobre e oprimido.

No final, a corrida eleitoral se transforma em um desfile de egos, onde a verdadeira mudança se perde em meio a discursos vazios. O que resta é a esperança de que, um dia, os que buscam o poder vejam no povo não apenas um detalhe, mas a razão maior de sua atuação. Enquanto isso, a política eleitoral continua a ser um jogo onde poucos buscam a verdadeira transformação e muitos se contentam em brilhar em cima da desilusão alheia.

João Guató

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