O Medo na Ponte de Cidade Ademar

Na madrugada silenciosa de uma segunda-feira, a Vila Inglesa dormia tranquila, alheia ao drama que se desenrolava nas proximidades. Marcelo Barbosa do Amaral, um jovem de 25 anos, retornava da casa da esposa, embalado pelo ronco suave de sua moto. Ao avistar a blitz policial na região de Cidade Ademar, zona sul da capital, São Paulo, seu coração acelerou. Os cassetetes nas mãos dos policiais anunciavam um perigo iminente.

Ao frear a moto, Amaral viu os policiais correrem em sua direção. O susto o fez perder o controle e cair. Levantou-se rapidamente e correu, mas não foi longe. Golpeado na cabeça e nas costas, foi arrastado pelo colarinho até a beira de uma ponte pelo policial Luan Felipe Alves Pereira, de 29 anos.

As imagens capturadas por um vídeo, que logo se espalharam pelas redes sociais e foram exibidas pela GloboNews, revelam a crueldade do ato. O policial, com uma frieza assustadora, deu a Amaral duas opções: pular da ponte ou ser jogado junto com a motocicleta. Desesperado, Amaral tentou argumentar, afirmando que não era ladrão e que a moto não era roubada. Suas palavras, porém, foram ignoradas. O policial o arremessou da ponte.

A queda, que poderia ter sido fatal, terminou com Amaral ajoelhado em um córrego. Moradores de rua que estavam sob a ponte o ajudaram a escapar, indicando um caminho seguro. Ferido, mas não pela queda, e sim pelas agressões, Amaral conseguiu pegar uma carona até a UPA Santa Catarina.

Em seu depoimento à Polícia Civil, Amaral relatou o terror que viveu e identificou o agressor. O policial Luan Felipe Alves Pereira foi preso, mas o trauma e o medo permanecem com Amaral. Ele não entende o motivo da violência e teme por sua segurança.

Este caso levanta uma reflexão urgente sobre a atuação policial e a necessidade de garantir que aqueles que juram proteger a sociedade não se tornem seus algozes. A ponte de Cidade Ademar, que deveria ser apenas uma passagem, tornou-se um símbolo de medo e injustiça para Marcelo Barbosa do Amaral e para todos que assistiram, incrédulos, à brutalidade registrada em vídeo.

João Guató

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