O Agronegócio e a Visão de Mauro Mendes Diante das Emergências Climáticas

Em Mato Grosso, o agronegócio é o motor que impulsiona a economia, e não há como negar sua importância. O estado, líder na produção de soja, milho, carne e algodão, se posiciona como um dos maiores exportadores de alimentos do Brasil e do mundo. Porém, em um cenário global marcado por emergências climáticas e ambientais, o governador Mauro Mendes parece não enxergar que, ao seguir uma rota de crescimento sem um compromisso firme com a sustentabilidade, o setor corre o risco de ser engolido pelas consequências da própria omissão.

O agronegócio em Mato Grosso, embora seja visto como sinônimo de prosperidade, não está imune aos impactos das mudanças climáticas. Secas prolongadas, chuvas intensas e o aumento da temperatura já afetam diretamente a produtividade agrícola e pecuária. O que deveria ser uma grande oportunidade para repensar as práticas e implementar estratégias de adaptação e mitigação, acaba se transformando em um campo de batalha onde o governo estadual parece preferir a retórica do crescimento a qualquer custo, ignorando os sinais claros de um futuro incerto.

Mauro Mendes, em diversas ocasiões, adotou uma postura de relutância diante da necessidade de integrar práticas sustentáveis ao agronegócio. Sua visão, mais preocupada com a expansão sem restrições, acaba relegando a segundo plano a urgência da crise climática. A proposta de expansão das fronteiras agrícolas, sem considerar o impacto ambiental e climático, é um claro reflexo dessa visão. A proposta do governador de priorizar o agronegócio sem comprometimentos maiores com a preservação ambiental, ao promover a flexibilização das áreas protegidas e reduzir a criação de novas unidades de conservação, ignora que o próprio futuro do setor está atrelado à saúde dos ecossistemas.

A crise climática não é algo distante, como alguns insistem em acreditar. Ela já é uma realidade que bate à porta do agronegócio, especialmente no Cerrado e no Pantanal, biomas que, apesar de sua importância ecológica fundamental, continuam sendo impactados pela expansão desenfreada da agricultura e da pecuária. A estiagem prolongada e a falta de água que atingem as lavouras e pastos são um reflexo claro de que o modelo atual não é sustentável a longo prazo. E, ainda assim, o governador parece ignorar a interdependência entre a produção e a preservação. O futuro do agronegócio no estado depende, sim, de um ambiente estável, com clima previsível, fontes de água seguras e solos férteis. O que está em jogo não é apenas a quantidade de grãos ou carne exportados, mas a capacidade de Mato Grosso de continuar produzindo no longo prazo.

O agronegócio precisa urgentemente de inovação, mas não de uma inovação que se limite à produção em larga escala ou ao uso de novas tecnologias. A verdadeira inovação é aquela que abraça práticas de baixo impacto, como o cultivo agroecológico, a regeneração de áreas degradadas e a implementação de sistemas integrados de produção que respeitem as leis naturais. Ao invés de investir em soluções sustentáveis, o governo parece optar por um modelo ultrapassado que ignora o que está acontecendo com o clima global, como se as emergências ambientais não fossem uma ameaça real ao próprio setor que diz proteger.

E é aqui que a falácia do “crescimento sem limites” se revela em toda sua fragilidade. As ações do governador não são apenas prejudiciais ao meio ambiente, mas também ao futuro do agronegócio. Ignorar as mudanças climáticas é ignorar a própria sobrevivência do setor a médio e longo prazo. Sem água, sem solos saudáveis, sem biodiversidade, o agronegócio de Mato Grosso se tornará inviável. O desmatamento ilegal, a redução das áreas protegidas e a negligência com a recuperação ambiental são práticas que aceleram a degradação dos biomas e, com isso, colocam em risco a própria produção agrícola.

Se a visão de Mauro Mendes é a de um estado de crescimento ininterrupto, essa visão é míope. Não é mais possível pensar em desenvolvimento sem considerar a crise ambiental que o mundo enfrenta. O agronegócio de Mato Grosso precisa, mais do que nunca, de um governo que compreenda a necessidade de uma adaptação urgente às emergências climáticas. Precisamos de políticas públicas que incentivem práticas agrícolas regenerativas, que fortaleçam a proteção ambiental e que garantam que o crescimento seja sustentável, equilibrado e respeitoso com os limites naturais.

Mato Grosso, com toda sua riqueza, precisa, portanto, de um novo tipo de liderança, capaz de compreender que o verdadeiro futuro está em um desenvolvimento que não seja só econômico, mas também ambientalmente equilibrado. O que está em jogo não é apenas a nossa produção de soja, milho ou carne, mas o legado que deixaremos para as próximas gerações. O agronegócio não pode mais ser visto como algo separado do meio ambiente; ele depende dele, e sua sobrevivência está atrelada à preservação dos recursos naturais. Ignorar isso é assinar a sentença de um futuro incerto e, quem sabe, desastroso.

João Guató

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