Brasil assume a presidência do BRICS em meio à expansão do bloco: o peso econômico de uma nova era

Em um cenário global em transformação, o Brasil assume a presidência do BRICS em 2025 com uma responsabilidade ainda maior: liderar um bloco que se expande significativamente, com a adesão de nove novos países – Cuba, Bolívia, Indonésia, Bielorrússia, Cazaquistão, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão. Esse crescimento altera profundamente a dinâmica do grupo e, por consequência, a arquitetura econômica mundial. A expansão do BRICS não apenas reflete um mundo mais multipolar, mas também amplia o peso econômico do bloco, que agora responde por uma parcela considerável da economia global.

Atualmente, o BRICS já detém uma posição estratégica de destaque. Juntos, os membros originais (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) representam aproximadamente 25% do PIB global e 40% da população mundial. A incorporação de novos países aumenta ainda mais a relevância econômica do grupo, agregando nações com economias em crescimento e mercados em expansão. Esses nove novos membros, somados aos cinco originais, contribuem para uma cobertura mais abrangente de mercados emergentes e regiões com grande potencial de crescimento, o que projeta o BRICS como um bloco com uma força econômica ainda mais robusta.

A relevância do BRICS, no entanto, vai além do tamanho de seus PIBs. O grupo é um motor de inovação e desenvolvimento em várias áreas. Por exemplo, a China e a Índia, duas das maiores economias do bloco, são responsáveis por uma parte significativa da produção mundial de tecnologia, manufatura e comércio internacional. A Rússia e a África do Sul são grandes exportadores de recursos naturais, como petróleo, gás e metais preciosos, enquanto o Brasil tem se consolidado como um player essencial no mercado global de alimentos e commodities.

Com a expansão do BRICS, a representação do grupo no comércio global tende a se ampliar consideravelmente. As novas adesões trazem países que estão entre os maiores exportadores de commodities agrícolas e minerais, como o Cazaquistão e a Malásia, além de mercados consumidores de rápido crescimento, como a Indonésia e a Tailândia. De acordo com estimativas do Banco Mundial, os novos membros adicionam mais 3,5 bilhões de pessoas à população do bloco, além de uma contribuição significativa para o comércio global e o PIB.

Do ponto de vista do comércio internacional, o BRICS já responde por cerca de 20% do comércio mundial, e esse número tende a crescer com a inclusão de países que têm estreitos laços comerciais com potências asiáticas e europeias. A diversificação das economias que compõem o BRICS fortalece a capacidade do bloco de atuar como uma alternativa viável à predominância de economias ocidentais em fóruns multilaterais.

A ampliação do BRICS também reflete uma crescente busca por alternativas ao sistema financeiro global dominado pelo dólar. O bloco já tem promovido iniciativas para a criação de uma nova arquitetura financeira, como o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), que visa financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento nos países membros e nações em desenvolvimento. O BRICS também tem se aventurado na criação de mecanismos para reduzir a dependência do dólar em transações comerciais, o que reforça sua posição como uma força capaz de redefinir a ordem econômica global.

A presidência brasileira, portanto, ocorre em um momento crucial. O país tem diante de si a oportunidade de liderar o bloco em sua transição para um papel mais proeminente na governança global. A ampliação do BRICS é mais que uma questão de representatividade; trata-se de uma verdadeira mudança na balança de poder econômico mundial. A liderança brasileira tem o desafio de coordenar interesses diversos, mas também a chance de reforçar uma agenda de desenvolvimento sustentável, cooperação tecnológica e integração econômica.

O BRICS, com sua crescente importância econômica e geopolítica, oferece ao Brasil uma plataforma para se afirmar como líder global, capaz de navegar entre as tensões entre o Norte e o Sul global. Com a presidência do grupo, o Brasil não só pode consolidar sua posição no comércio internacional, mas também se tornar um elo fundamental em um sistema econômico mundial mais multipolar e menos centrado no Ocidente. O Brasil agora lidera um bloco que, com mais de 40% da população mundial, 25% do PIB global e um impacto crescente no comércio internacional, está cada vez mais apto a influenciar os rumos da economia mundial.

João Guató

Pasquim Teológico: sua revista virtual das boas novas com acesso gratuito, de massa e democrático!

Você pode gostar...