O Brasil no comando do BRICS: uma liderança estratégica para um mundo em transformação

Em um mundo onde as grandes potências econômicas estão cada vez mais em disputa, o Brasil assume, em 2025, a presidência do BRICS, um bloco de países que se tornou símbolo da ascensão das economias emergentes. A ocasião não é apenas um marco diplomático, mas uma oportunidade estratégica de reafirmar o papel do Brasil no cenário internacional, justamente quando o mundo parece se reorganizar em um novo eixo geopolítico. Mais do que um título, a liderança do BRICS representa uma chance para o Brasil moldar o futuro das relações globais e se posicionar de maneira decisiva no jogo das grandes potências.

O BRICS, inicialmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, hoje se expande para incluir nove novos membros: Cuba, Bolívia, Indonésia, Bielorrússia, Cazaquistão, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão. Com isso, o bloco se transforma em uma força ainda mais poderosa, reunindo mais de 40% da população mundial e um quarto da produção econômica global. Esses números são um reflexo do peso crescente do BRICS na economia mundial e, consequentemente, do papel crucial que o Brasil desempenha, ao assumir a presidência.

A expansão do bloco, longe de ser um mero ajuste no número de países participantes, revela uma mudança significativa na balança de poder mundial. O Brasil, com sua posição estratégica, fica no epicentro dessa transformação. Ao liderar o BRICS, o país tem a oportunidade de reverter uma narrativa muitas vezes voltada para os desafios internos e direcioná-la para uma agenda internacional que ressalte sua importância como líder no diálogo entre o Norte e o Sul global. É uma chance de afirmar que, em um momento de crescente multipolaridade, o Brasil tem condições de se tornar um elo fundamental entre as nações em desenvolvimento e as grandes economias do mundo.

O comando do BRICS traz consigo um grande poder de influência, especialmente quando se trata de temas econômicos. O bloco, agora ampliado, concentra países com uma enorme diversidade de recursos naturais, populações emergentes e economias em ascensão. O Brasil, com sua vasta biodiversidade, seu potencial agrícola e sua força no setor energético, tem tudo para alavancar uma agenda que favoreça o desenvolvimento sustentável e o comércio mais equitativo entre as nações membros. E, ao fazer isso, poderá não apenas garantir os interesses do país, mas também fortalecer o multilateralismo, defendendo uma governança global mais inclusiva, justa e descentralizada.

Em tempos de uma crise global prolongada, que vai da pandemia de Covid-19 às tensões geopolíticas envolvendo potências ocidentais, o BRICS se apresenta como uma alternativa ao modelo tradicional de hegemonia, especialmente no que diz respeito ao controle econômico e financeiro. O Brasil, ao liderar o grupo, tem a oportunidade de colocar a construção de uma ordem internacional mais equitativa no centro da agenda do bloco. Com a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e a busca por alternativas ao domínio do dólar nas transações comerciais, o BRICS já mostrou que não tem medo de desafiar o status quo e propor soluções inovadoras.

A presidência brasileira também se dá em um momento de crise climática e de profundas transformações sociais e econômicas. O Brasil, com sua posição geográfica e seu papel crucial na preservação da Amazônia, tem a possibilidade de articular uma agenda verde no BRICS, incentivando os países membros a fortalecerem os compromissos com o meio ambiente e a sustentabilidade. Ao liderar essa causa, o Brasil poderá não apenas garantir sua relevância no bloco, mas também se projetar como líder no campo da diplomacia ambiental, uma área de crescente importância no mundo contemporâneo.

Ao assumir a presidência do BRICS, o Brasil não está apenas liderando um grupo de nações; está, de fato, guiando uma nova visão para o mundo. Uma visão que valoriza a cooperação, a inclusão e a sustentabilidade, em contraste com os modelos de divisão e concentração de poder do passado. Para o Brasil, a presidência do BRICS é uma chance rara de projetar suas ambições para o futuro de forma global, enquanto reafirma seu compromisso com um mundo mais justo e equilibrado.

A liderança brasileira no BRICS, portanto, é mais do que uma oportunidade diplomática. Ela é uma afirmação do Brasil como um ator global relevante, capaz de atuar em defesa de seus interesses e dos interesses das economias emergentes. E, ao fazer isso, o país não apenas reforça sua posição no palco internacional, mas também contribui ativamente para a construção de um futuro mais plural e equilibrado para o mundo.

João Guató

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