Venezuela: os desafios e as resistências em economia, cultura e educação

A Venezuela atravessa um momento de transformações marcadas por desafios econômicos, tensões sociais e a busca por alternativas para preservar sua cultura e fortalecer a educação. Em 2025, o país luta para equilibrar essas esferas diante de um cenário global de sanções econômicas e instabilidade interna.

Economia

Após anos de recessão e hiperinflação, a economia venezuelana começa a dar sinais de recuperação, ainda que tímidos. Em 2024, o país registrou um crescimento econômico impulsionado por um aumento na produção de petróleo e pela adoção de medidas para diversificar sua economia. Contudo, as sanções impostas pelos Estados Unidos e outros países ainda limitam as transações financeiras e dificultam as exportações.

A dolarização informal, consolidada desde 2019, continua sendo uma estratégia de sobrevivência para muitos venezuelanos. Ao mesmo tempo, o governo aposta em acordos regionais e parcerias estratégicas com países como China, Rússia e Irã para reaquecer setores-chave, como energia, mineração e agricultura.

“O avanço é perceptível, mas a recuperação total ainda está distante. As sanções criam um cerco que dificulta o acesso ao mercado global”, avalia o economista Pedro Vázquez.

Cultura

A cultura venezuelana, rica em diversidade e expressões artísticas, tornou-se uma ferramenta de resistência em tempos de crise. A música tradicional, como o joropo, e manifestações populares, como o carnaval de El Callao, continuam a ser celebradas em comunidades de todo o país, muitas vezes como forma de reafirmar a identidade nacional.

O governo tem investido em políticas para preservar e difundir a cultura local, como o apoio a festivais, publicações literárias e exposições de arte. No entanto, a falta de recursos financeiros compromete a manutenção de espaços culturais e a remuneração de artistas.

Por outro lado, movimentos culturais independentes têm crescido, com jovens artistas utilizando plataformas digitais para compartilhar suas obras. “Estamos mostrando que a Venezuela é mais do que petróleo e política. Nossa cultura é um reflexo da nossa força”, diz a cineasta María Fernanda Torres, cujo curta-metragem ganhou destaque em festivais internacionais.

Educação

A educação venezuelana enfrenta uma crise profunda, com professores mal remunerados, escolas deterioradas e a evasão escolar em alta. Segundo dados recentes, a taxa de abandono escolar no ensino médio ultrapassou 30% em 2024, reflexo das dificuldades econômicas enfrentadas pelas famílias.

Apesar disso, iniciativas comunitárias têm ajudado a manter a chama do aprendizado viva. Organizações não governamentais, como a Fe y Alegría, oferecem programas educativos em regiões vulneráveis, enquanto professores voluntários criam redes de apoio para ensinar crianças e adolescentes.

O governo anunciou recentemente um aumento no orçamento para a educação e a criação de programas de capacitação docente, mas especialistas apontam que as medidas ainda são insuficientes. “Educação é a base de qualquer sociedade. Sem um investimento real, não conseguiremos preparar as futuras gerações”, alerta a pedagoga Carolina Rodríguez.

Resistência

A Venezuela segue sua jornada enfrentando dificuldades, mas também demonstra uma notável capacidade de adaptação e resistência. A economia busca se reerguer, a cultura se reinventa como símbolo de identidade e a educação resiste como um pilar de esperança.

Enquanto isso, o povo venezuelano mostra que, apesar das adversidades, segue construindo um futuro onde sua essência e sua força coletiva permanecem intactas. “O que nos define não é a crise, mas como escolhemos enfrentá-la”, resume o sociólogo Luís Álvarez.

João Guató

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