Polarização e Fragmentação: O Xadrez Eleitoral Rumo a 2026
Pesquisa eleitoral no Brasil é quase um esporte de alta tensão. Um dado aqui, outro acolá, e pronto: já se formam debates acalorados nas esquinas, nas redes e nas rodas de chimarrão. A mais recente pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas é um exemplo dessa dança estatística. Entre percentuais e hipóteses, o país parece dançar em ritmo de suspense político.
De um lado, temos Lula e Bolsonaro, velhos conhecidos do tabuleiro eleitoral, separados por um fiapo de 0,1 ponto percentual. Do outro, surge um terceiro elemento, Pablo Marçal, um ex-coach que parece decidido a não ser apenas figurante no baile. Com 6,1%, Marçal já conseguiu algo significativo: desestabilizar a velha polarização. É o efeito da peça nova no quebra-cabeça, que mexe nos cálculos e causa rugas na testa dos estrategistas bolsonaristas.
A grande questão é: será que o eleitorado de direita, que parece dividido entre a lealdade a Bolsonaro e a curiosidade pelo “novo”, está pronto para trocar o consolidado pelo incerto? A julgar pelos números, a resposta ainda é incerta. Sem Marçal na disputa, Bolsonaro cresce para 37,3%, demonstrando que os votos desse campo, ao menos em parte, ainda gravitam em sua órbita.
Do lado da esquerda, Lula mantém sua base sólida, mas enfrenta o desafio de expandir seu alcance. A estabilidade de suas intenções de voto — 34% — é tanto uma força quanto um limite. É como um time que joga bem, mas não consegue ampliar o placar.
Enquanto isso, figuras como Ciro Gomes, Ronaldo Caiado e Helder Barbalho dançam em círculos menores, mas não irrelevantes. A trajetória de Ciro é especialmente intrigante: consistentemente na faixa dos 11%, ele parece estar preso em uma bolha eleitoral que o impede de romper a barreira do competitivo. Já Caiado e Barbalho seguem como jogadores regionais que talvez estejam mirando mais 2030 do que 2026.
Outro ponto digno de nota é a distribuição dos votos nulos, brancos e indecisos, que, somados, ultrapassam 10% em alguns cenários. Esse contingente é o “coringa” da eleição, um grupo que pode ser seduzido, convencido ou simplesmente ignorado, dependendo da habilidade dos candidatos.
Os cenários alternativos — sem Bolsonaro ou com Tarcísio de Freitas e Michelle Bolsonaro — adicionam mais tempero à análise. Ambos mostram que a direita bolsonarista busca alternativas viáveis. Tarcísio, com 25,3%, parece ter mais fôlego eleitoral do que Michelle, que aparece com 20,7%. Porém, em ambos os casos, Lula ainda lidera, mantendo a polarização no centro do debate.
No final das contas, o que a pesquisa revela não é apenas a fotografia do momento, mas um enredo de incertezas. O Brasil, país acostumado a surpresas, assiste a essa dança eleitoral com um misto de ansiedade e ceticismo. O script de 2026 ainda está sendo escrito, mas uma coisa é certa: o palco está montado, e os atores, prontos para o espetáculo. O público? Bem, ele assiste, opina e espera para dar a palavra final.