O Amor: forma e textura

O amor, dizem por aí, é algo intangível, como uma brisa que toca o rosto ou um perfume distante que nos envolve sem que possamos ver sua origem. Mas para quem acredita que as palavras têm o poder de transformar tudo em imagem, o amor tem sim, forma, textura e sabor. E para alguns, o amor é uma vagina depilada e suculenta.

Essa metáfora, que à primeira vista parece um tanto provocadora, não é apenas um jogo de palavras. É uma tentativa de capturar a essência do que sentimos quando a paixão toma conta de nosso corpo e mente, quando o desejo se mistura com a ternura, e o prazer se confunde com a doçura do carinho. A vagina depilada, com sua pele suave e sensível, é um símbolo de entrega, de fragilidade, mas também de uma força que reside na capacidade de se expor por completo ao outro. Ela não é apenas um órgão, mas um campo de possibilidades, um espaço onde as trocas acontecem de forma visceral.

Lembro de um tempo, muito antes da obsessão por aparências e padrões, em que o amor parecia mais simples. Não que fosse fácil, mas havia uma sinceridade crua, algo que acontecia sem disfarces. Naquela época, o toque tinha mais valor do que o corpo em si, e a intimidade acontecia com a suavidade de um beijo, sem a precisão de uma depilação ou dos truques estéticos de hoje. A beleza estava no natural, na vulnerabilidade, e o amor se dava no campo do mais íntimo, sem se perder em idealizações.

Hoje, as gerações mais jovens parecem ter esquecido disso. O amor, por vezes, se transforma em uma performance, uma busca pela perfeição, onde o desejo se torna tão calculado quanto o tempo gasto com a depilação ou a escolha de um perfume. O amor se perde em artifícios e na ânsia por uma estética imaculada. E, ainda assim, no meio dessa busca frenética, é possível encontrar momentos em que o amor se revela de forma crua, visceral. O amor, depois de todo esse processo de polimento, ressurge como um encontro inesperado, rompendo as barreiras da racionalidade, do corpo e da aparência.

Talvez o segredo do amor, e da vagina depilada e suculenta, seja justamente esse: o prazer de se entregar sem reservas, sem medo de se mostrar imperfeito. O amor não é o que vemos, mas o que sentimos no fundo da alma. E isso, por mais que tentemos esconder, nunca poderá ser depilado.

João Guató

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