A crescente crise política e à disputa pelo poder na Venezuela na véspera da posse de Maduro

Em meio à crescente crise política e à disputa pelo poder na Venezuela, o líder opositor Edmundo González Urrutia, que se considera o legítimo vencedor das últimas eleições presidenciais de julho, fez um forte pronunciamento após a prisão da líder antichavista María Corina Machado. A opositora foi detida enquanto participava de uma manifestação contra o governo de Nicolás Maduro, na região de Chacao, em Caracas, na última quinta-feira (9).

María Corina Machado, que fez sua primeira aparição pública em cinco meses ao discursar para uma multidão de manifestantes em Chacao, foi atacada e interceptada de forma violenta por membros das forças de segurança do regime de Maduro. Segundo o partido da opositora, agentes do governo atacaram motos que estavam transportando a líder, resultando em sua prisão.

Edmundo González Urrutia: “Exijo Libertação Imediata”

Edmundo González, em um comunicado divulgado após a prisão de María Corina, afirmou: “Como presidente eleito, exijo a libertação imediata de María Corina Machado. Às forças de segurança que a sequestraram, eu digo: não brinquem com fogo”. González, que se considera vitorioso nas eleições presidenciais de julho e já recebeu apoio internacional por sua candidatura, reiterou sua posição de liderança e de oposição ao governo de Maduro, responsabilizando o regime pela integridade de Machado.

A crítica de González Urrutia não se limitou à prisão de Machado, mas também à atuação das forças de segurança do regime de Maduro, que, segundo ele, vêm escalando a repressão contra aqueles que se opõem ao governo. O opositor, que atualmente está em visita à República Dominicana, afirmou que tomará posse como presidente da Venezuela em 10 de janeiro, apesar da ameaça de prisão caso retorne ao país.

Repercussão Internacional: Condenação ao Ataque e Apoio à Oposição

O incidente gerou uma forte repercussão internacional, com vários líderes políticos manifestando solidariedade a María Corina Machado e condenando a violência utilizada pelo regime de Maduro contra manifestantes pacíficos. O presidente da Argentina, Javier Milei, expressou sua preocupação em relação ao ataque, chamando a ação de “dignas das piores ditaduras da história”. Milei criticou duramente a operação das forças de segurança de Maduro, que dispararam contra a escolta de Machado e a sequestraram em frente a milhares de pessoas em Chacao. Em um pronunciamento, o presidente argentino convocou os governos da região a repudiar o ataque contra a líder democrática e a apoiar a luta por uma Venezuela livre e democrática.

José Raúl Mulino, presidente do Panamá, também se manifestou, exigindo “a plena liberdade de María Corina Machado, bem como o respeito pela sua integridade pessoal”. Mulino responsabilizou diretamente o governo de Maduro pela segurança da opositora, reforçando a condenação ao que chamou de “regime ditatorial” que comanda o país.

Oposição e Chavismo nas Ruas: A Eleição Contestada

A situação política na Venezuela continua a ser marcada por intensas disputas eleitorais. A eleição presidencial de julho de 2024 gerou uma grande divisão no país, com a autoridade eleitoral controlada pelo governo de Maduro declarando sua vitória, mas sem a divulgação de resultados detalhados. A oposição, por sua vez, alega que Edmundo González Urrutia foi o vencedor, com o partido de González apresentando contagens de votos como evidência de sua vitória.

A oposição, que considera Maduro um usurpador, segue mobilizada, com manifestações que refletem o profundo descontentamento popular com o regime chavista. González, que vive em exílio desde setembro de 2024, prometeu retornar a Caracas no dia 10 de janeiro para tomar posse como presidente, gerando uma crescente tensão entre os dois polos políticos do país.

O governo de Maduro, por sua vez, tem se mostrado intransigente em relação à oposição. Em uma recente declaração, as autoridades chavistas acusaram a oposição de fomentar conspirações fascistas contra o governo e advertiram que prenderiam Edmundo González caso ele retorne ao país.

Conclusão: A Venezuela à Beira de uma Nova Confrontação Política

O episódio da prisão de María Corina Machado é mais um capítulo na crise política que assola a Venezuela, um país dividido entre os defensores do regime de Maduro e os opositores que buscam uma transição para um governo democrático. A intervenção das forças de segurança contra manifestantes e líderes opositores, como María Corina, segue sendo uma estratégia constante do governo de Maduro para reprimir a oposição e manter seu controle sobre o país.

Edmundo González Urrutia, como presidente eleito pela oposição, continua a desafiar a autoridade do regime, com o apoio de governos internacionais e uma base crescente de aliados regionais. O futuro da Venezuela permanece incerto, mas a pressão interna e externa por uma mudança no governo de Maduro segue aumentando, enquanto as ruas continuam a ser palco de intensos protestos e reivindicações por um país livre de autoritarismo.

O que parece claro é que, em 2025, a disputa pelo poder na Venezuela está longe de ser resolvida, com a oposição se organizando para resistir e, talvez, até mesmo para assumir o controle, enquanto o regime de Maduro continua a demonstrar seu poder através da repressão e da violência.

João Guató

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