A Donzela das Sementes Perfumadas

Por Eudocia salvatierre

Nas terras do Norte, numa vila singela,
Morava uma donzela, de riso que encantava,
Com beleza exótica e um segredo na mão,
Que a todos intrigava, nessa pequena nação.

Morena de olhar claro, mistério no vigor,
Criada sob um pai, protetor e provedor,
Ela era resoluta, não temia a dor,
No vilarejo pequeno, era seu esplendor.

No quintal, gramas verdes, jardins coloridos,
Ela cultivava ervas, com cheiros inebriantes,
Era uma donzela, de riso atraente,
Que enchia a rua, de aroma envolvente.

Ela aparecia, linda e perfumada,
Todos admiravam, sua beleza enfeitada,
Ela agradecia, seguia sua jornada,
Sempre firme, na estrada da sua caminhada.

Seu nome, ninguém sabia, era mistério profundo,
Mas todos conheciam, seu riso no mundo,
Mulheres tinham inveja, dessa beldade,
Que até os nobres, deixava na saudade.

Às vezes, sumia por três dias seguidos,
Voltava com sementes, sorriso nos ouvidos,
Isso mexia com a cabeça, dos curiosos presentes,
Que queriam saber, dos seus passeios recentes.

Mulheres da cidade, começaram a indagar,
Onde essa donzela ia, se perder a passear,
E voltava com sementes, sempre a brilhar,
Despertando a curiosidade, sem se explicar.

Uma mulher, insatisfeita, quis intimidar,
Jogou piadas, tentou desmoralizar,
“De onde vens, com essas sementes pra lá e pra cá?
Parece uma cobra, no sol, a se movimentar!”

A donzela, educada, olhos cor de mel,
Arrumou os cabelos, como quem diz: “Tá legal!”
Respondeu, sorrindo, como quem prova o mel,
“Minha senhora, pergunte, direi o que sei bem.”

As mulheres curiosas, em volta, reunidas,
Queriam saber, as novidades da vida,
Que por tanto tempo, tinham sido escondidas,
Pelas sementes e pela donzela querida.

“O que fazes, tão bonita e perfumada?
Sempre com sementes, a serem colhidas?”
A donzela explicou, com sinceridade,
“Meu feminino cuido, com zelo e verdade.

As sementes que colho, de um lugar secreto,
De uma árvore florida, onde tudo é correto,
Elas caem pra mim, em dias agendados,
Para perfumar meus cabelos, e trazer vigor renovado.”

Assim seguiu seu caminho, passos lentos e suaves,
Deixando nas mulheres, um certo desagrado,
Por não saberem o segredo, do perfume encantado,
Que deixava os homens felizes, e as mulheres intrigadas.

E até hoje, na vila, a pergunta persiste,
De onde vem o perfume, que tanto persiste,
Que alegra os homens, e deixa as mulheres tristes,
Um mistério da donzela, que o tempo resiste.

João Guató

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