A Grande Posse de Edmundo González: A Espera do Início

Hoje, 10 de janeiro, seria o dia em que Edmundo González finalmente tomaria posse como presidente da Venezuela. Pelo menos, essa era a promessa que ele fez ao mundo, à imprensa e, provavelmente, a si mesmo. O homem chegou até a fazer aquele discurso de “meu país me espera”, e todos ficaram ali, na expectativa, com os olhos brilhando. O que ninguém sabia é que esse evento histórico estava mais para um grande evento de stand-up sem piadas do que para uma cerimônia de posse propriamente dita.

A imprensa internacional, tão ávida por boas histórias, se preparou para transmitir ao vivo esse momento de transição de poder. Afinal, o que poderia ser mais interessante do que assistir ao nascimento de um novo governo em um país que, por tantos anos, tem vivido entre uma comédia política e uma tragédia econômica? A expectativa estava lá, mais alta do que uma promessa de campanha. A questão era: onde estava Edmundo?

O que se seguiu foi um misto de mistério e desespero. Cadê o Edmundo? Talvez estivesse preso em algum engarrafamento em Caracas — quem nunca? Ou quem sabe ele se perdeu na Casa de Governo, dando voltas pelo salão tentando encontrar o palanque. Talvez tenha dado aquele “pequeno deslize” de esquecer a data e achado que tinha mais uma semana para se preparar. Afinal, o importante é a intenção, não é?

Mas nada aconteceu. Nenhum tapete vermelho, nenhum “presidente eleito” nas telonas de TV, nem sequer a entrada triunfal de Edmundo com uma faixa presidencial ao som de “Abertura 1812”. A verdadeira cerimônia de posse foi uma gigantesca reunião de expectativa e nada mais.

O povo, que deve ter esperado o evento como quem espera o fim de uma novela mexicana — com direito a tragédia, reviravoltas e talvez um final feliz — ficou em frente à TV, os olhos fixos, esperando por algo. Mas não. A televisão anunciou apenas: “Hoje, nada aconteceu. Continuamos esperando.”

E qual é a moral da história? Simples: ser presidente é mais complicado do que parece. Não basta apenas anunciar ao mundo que tomará posse. É preciso também lembrar onde é a cerimônia, saber a data certa e, quem sabe, não ficar tão empolgado a ponto de anunciar a posse antes do tempo.

O episódio de hoje ficou para a história como “O Dia da Grande Não Posse”. E quem sabe, no futuro, os livros de história da Venezuela terão uma sessão dedicada a esses momentos, onde a política virou piada e o governo virou uma grande promessa de algo que nunca chegou. Para Edmundo González, a lição é clara: talvez a sua maior posse seja a paciência de todos os venezuelanos esperando que ele realmente chegue algum dia.

Mas, como o mundo é uma caixinha de surpresas, quem acabou tomando posse hoje, afinal, foi ninguém menos que o próprio Nicolás Maduro. Isso mesmo, o senhor do status quo, o eterno presidente, apareceu em um discurso relâmpago e, com a destreza de um mestre do jogo de xadrez, declarou: “Ainda estou aqui.”

E, assim, como um grande mágico, ele tirou a posse do bolso e colocou de volta na mesa. Edmundo, meu amigo, talvez seja hora de entender que, na Venezuela, a posse presidencial é uma espécie de ilusão — e, por enquanto, o único truque que funciona é o de Maduro, que, aparentemente, nunca sai de cena.

João Guató

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