Amor molhado com cheiro de shampoo

Há um desejo ardente e inconfessável dentro de mim, um desejo que se acende com a simples lembrança de seus traços. Sinto que somos partes que a vida cruelmente separou, apesar de termos nascido no mesmo território. O ano de 1975 me traz lembranças e saudade de algo que nunca vi, mas que, de alguma forma, está profundamente enraizado em meu ser.

Quando o aroma de shampoo que fala na música de Cristian e Ralf, invade o ar, minha mente imediatamente viaja para um lugar onde estou lhe beijando, todo molhado, pedindo para você esperar, com as portas abertas.

A minha imaginação se descontrola, criando cenas de loucos desejos. Vejo você de porta aberta, lentamente tirando a roupa, enquanto eu observo, com água na boca. Sou do tipo que fico salivando antes do prazer, quando sinto a química ou cheiro da pessoa que desejo.

Mas essa fantasia se torna cada vez mais difícil de realizar. Há um medo que o aflige, enquanto em mim, o desejo voraz cresce a cada momento. Imagino meu toque em seu corpo, o desejo de amar incendeia meu peito e fico louco para viver essas loucuras sem medo nenhum; não há outro jeito.

Sonho em mergulhar com você no chuveiro, fazer amor molhado fazendo você morrer de prazer como numa fantasia de contos de fadas. A ideia de lhe dar prazer me deixa em chamas. Vejo-nos numa cama toda limpinha ou numa banheira, onde eu possa cobrir seu corpo nu com espuma e lhe beija gostoso sentindo prazer.

Tenho uma certeza avassaladora de que você é o encaixe perfeito para mim, que juntos faríamos amor como dois animais no cio, entregues ao desejo puro e visceral.


Nota do Autor:

Esta crônica foi inspirada na música “Cheiro de Shampoo” de Cristian e Ralf. As letras e melodias dessa canção evocam sentimentos profundos e intensos de desejo e saudade, que serviram de base para a narrativa aqui apresentada. A música é uma verdadeira ode ao amor e à paixão, capturando perfeitamente a essência de um desejo ardente e inesquecível.


A química do prazer

A psicanálise pós-moderna aborda questões como o desejo sexual e a atração de uma maneira que leva em consideração uma variedade de influências culturais, sociais e individuais. Aqui estão algumas perspectivas que poderiam ser consideradas:

  1. Contextualização Social e Cultural: A psicanálise pós-moderna valoriza a importância de entender como as normas culturais e sociais moldam os desejos e as identidades sexuais. Ela pode explorar como as representações na mídia, por exemplo, influenciam a construção dos desejos e das fantasias individuais.
  2. Multiplicidade de Identidades e Desejos: Essa abordagem reconhece a multiplicidade de identidades sexuais e de gênero, e como isso pode afetar a maneira como os desejos são experimentados e expressos. Ela pode considerar como diferentes aspectos da identidade de uma pessoa (como gênero, orientação sexual, etc.) interagem para moldar seus desejos.
  3. Desconstrução de Binários: A psicanálise pós-moderna questiona e desconstrói binários tradicionais, como masculino/feminino, ativo/passivo, heterossexual/homossexual, abrindo espaço para uma compreensão mais fluida e diversificada dos desejos sexuais.
  4. Ênfase nas Experiências Subjetivas: Essa abordagem valoriza as experiências e subjetividades individuais, considerando que cada pessoa vivencia e interpreta seus desejos de maneira única, influenciada por suas próprias histórias de vida, traumas, e experiências emocionais.
  5. Crítica ao Conceito de Normalidade: A psicanálise pós-moderna pode criticar a ideia de uma sexualidade “normal” ou “natural”, enfatizando a variedade de expressões sexuais e o potencial subversivo de desejos considerados fora do normal
  6. Abordagem Interseccional: Ela considera como as diferentes formas de opressão e privilégio (como raça, classe, habilidades, etc.) interagem com a sexualidade e os desejos individuais, influenciando como eles são formados e vivenciados.

Em resumo, a psicanálise pós-moderna oferece uma perspectiva que amplia a compreensão dos desejos sexuais além das explicações tradicionais, integrando aspectos culturais, sociais e individuais para uma compreensão mais rica e complexa da sexualidade humana.

João Guató

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