Artistas Criam Hino ao Inominável para Bolsonaro

Naqueles dias em que o país parecia desmoronar sob o peso de seus próprios ecos, uma melodia inesperada atravessou o ar. Não era uma música suave, nem algo que se dançasse nas praças; era um grito, um rugido que, em sua forma crua e irreversível, vinha de onde o medo se esconde. Ele se chamava Hino ao Inominável, e não era um hino qualquer. Era o tipo de canto que, ao ser entoado, estremecia as estruturas da mentira e da dor, como um trovão que arranca o véu da hipocrisia e revela o esgoto por baixo.

Carlos Rennó, com a precisão de quem conhece o que há de mais sombriamente humano, dá à palavra uma força que poucas vezes se viu. Seu hino não é um louvor, mas um retrato grotesco, vívido, das vozes que não deveriam ser ouvidas, mas que, de algum modo, se impõem no palco da nossa história. E ali, entre as linhas cortantes, vemos o tal inominável: o discurso que se enraiza na intolerância, na violência, na desumanidade. O tal personagem político que, ao invés de conduzir, destrói.

O hino não perdoa: em suas palavras, o regime ditatorial é celebrado, os negros são reduzidos a pesos, os indígenas são tratados como zoológicos e as mulheres são menosprezadas em seu próprio corpo. O racismo não é apenas afirmado, mas exultado. A violência, longe de ser condenada, é glorificada. Tudo isso, como se fosse normal, como se fosse natural. Como se o país tivesse se esquecido de sua própria humanidade.

A pergunta que paira no ar, imensa e angustiante, é: como chegamos a esse ponto? Como se tornou possível que o país celebrasse a morte, a repressão e o ódio como se fossem respostas legítimas? Rennó, com sua poesia feroz, não nos dá uma resposta, mas nos força a encarar a verdade nua e crua.

Mas o Hino ao Inominável não é apenas um retrato de miséria e declínio. Ele também é uma convocação, um grito contra a normalização do inaceitável. Ele nos desafia a perceber o monstruoso para que possamos, finalmente, combatê-lo. E o eco desse hino, tão perturbador, reverbera não apenas em palavras, mas em ações, em panelaços, em manifestações, em toda forma de resistência que se ergue contra a apatia e o conformismo.

Então, ao ouvirmos esse hino, sabemos que não estamos apenas diante de uma canção. Estamos diante de um alerta, uma convocação para resgatar o que há de mais sagrado e essencial: a dignidade humana, a justiça e a verdade. Não podemos mais ignorar o que se passa. Não podemos mais fingir que nada disso é real. O hino é, antes de tudo, uma promessa: que das ruínas, do caos e da dor, o país possa renascer. E que, finalmente, o inominável seja posto no lugar que lhe pertence: o esquecimento.

A música que se ergue não é uma melodia suave, mas uma chamada às armas da consciência. Aquele que escutar e não agir estará perdido. Que todos ouçam o Hino ao Inominável e que o país, por fim, se reergue das cinzas da ignorância e da crueldade.

Acesse o hino no vídeo abaixo;

João Guató

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