BRICS e a agricultura brasileira: um futuro promissor em números

Em um mundo cada vez mais interconectado e competitivo, a agricultura brasileira tem se consolidado como um dos pilares da economia global. E, nesse cenário, o bloco dos BRICS, ao qual o Brasil preside em 2025, emerge não apenas como um grupo de países emergentes, mas como uma plataforma estratégica para a agricultura nacional. À medida que o bloco se expande, a importância dessa aliança se torna ainda mais evidente, especialmente quando se considera o impacto direto em números que favorecem o agronegócio brasileiro.

Atualmente, o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores mundiais de uma vasta gama de produtos agrícolas: soja, café, carne bovina, frango, açúcar, etanol, entre outros. Em 2023, o agronegócio representou cerca de 26% do PIB do país e 45% das exportações totais. A questão não é apenas a grandiosidade dos números, mas a diversificação e os mercados em constante crescimento, que têm se mostrado promissores dentro do BRICS.

O bloco, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, é responsável por cerca de 40% da população mundial e 25% do PIB global, com mercados internos que, juntos, representam uma parte significativa das necessidades de alimentos e insumos. A China, por exemplo, é o maior parceiro comercial do Brasil, especialmente no setor agrícola, consumindo enormes quantidades de soja, carne e milho. Em 2023, o Brasil exportou mais de 26 milhões de toneladas de soja para a China, o que representou cerca de 35% das exportações totais de soja do Brasil. Este é apenas um exemplo da relevância dos BRICS para o agronegócio brasileiro.

Com a ampliação do bloco, que agora inclui países como Cuba, Bolívia, Indonésia, Bielorrússia, Cazaquistão, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão, o impacto sobre a agricultura brasileira tende a ser ainda mais expressivo. A Indonésia, por exemplo, é um dos maiores consumidores de produtos agrícolas da Ásia, e seu ingresso no BRICS cria uma nova frente de demanda, principalmente para commodities como arroz, milho e soja. Já a África do Sul, com sua crescente urbanização, se apresenta como um mercado em expansão para carnes e grãos.

Do ponto de vista econômico, o BRICS oferece ao Brasil a oportunidade de diversificar ainda mais suas exportações agrícolas, diminuindo a dependência de mercados específicos, como o norte-americano ou europeu, que enfrentam crises econômicas e políticas. O bloco permite ao Brasil ampliar suas vendas para regiões estratégicas, com forte crescimento populacional e uma classe média emergente, que cada vez mais demanda alimentos de qualidade.

Além disso, a cooperação no setor agrícola entre os países do BRICS tem mostrado frutos promissores. Em 2024, o Brasil exportou mais de 10 bilhões de dólares em produtos agrícolas para os países membros do bloco, cifra que deve crescer substancialmente com a inclusão dos novos integrantes. No caso da Rússia, que se apresenta como uma grande produtora de grãos e alimentos, mas com limitações em certos produtos, o Brasil tem a oportunidade de fornecer itens que não são produzidos localmente, como carnes e frutas tropicais. Da mesma forma, a Índia, com seu vasto mercado interno, tem se mostrado um destino cada vez mais importante para o açúcar e outros produtos de origem vegetal.

Outro ponto relevante é a possibilidade de fortalecer a inovação tecnológica no campo. O BRICS tem avançado em iniciativas de cooperação científica e tecnológica, e o Brasil pode se beneficiar de parcerias em áreas como biotecnologia, agroecologia e sistemas de irrigação. Países como a China, com seu desenvolvimento em tecnologias agrícolas de precisão, podem ajudar o Brasil a aumentar sua produtividade e reduzir custos, com práticas mais sustentáveis e eficientes.

Em termos de impacto direto, as exportações agrícolas para os países do BRICS já representam aproximadamente 20% das exportações totais de produtos agropecuários do Brasil. O ingresso de novos membros, especialmente da África e do Sudeste Asiático, abre portas para um aumento substancial desses números. Considerando que o Brasil já é o maior exportador mundial de carne bovina e um dos principais exportadores de carne de frango e suína, a ampliação do bloco pode resultar em um aumento de 15% a 20% nas exportações para esses mercados nos próximos anos, de acordo com estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Em suma, o BRICS não é apenas um grupo político e econômico; é uma aliança que proporciona ao Brasil novas fronteiras de desenvolvimento e crescimento para sua agricultura. Com um mercado de mais de 3 bilhões de consumidores e um papel central na produção e distribuição de alimentos, o Brasil tem a chance de consolidar ainda mais sua liderança no agronegócio global. Liderar o BRICS é, portanto, não só uma responsabilidade política, mas uma oportunidade estratégica para expandir mercados, diversificar parcerias e potencializar a força de um dos setores mais competitivos e promissores da economia brasileira. O futuro da agricultura brasileira, sem dúvida, passa por uma relação cada vez mais estreita com os países do BRICS.

João Guató

Pasquim Teológico: sua revista virtual das boas novas com acesso gratuito, de massa e democrático!

Você pode gostar...