Entre Espelhos e Silêncios

Por Pedro Heinrich Ramires

Você já se pegou, em algum momento, tentando entender o que há de errado com sua própria mente? É uma sensação curiosa, como se estivéssemos em um quarto fechado, onde cada espelho reflete uma versão de nós mesmos que nem sempre gostamos de ver.

É comum passar por situações difíceis. A vida, com sua habilidade quase cruel, nos presenteia com momentos de crise e desconforto. Mas, se pararmos para pensar, essas situações são, em última análise, muito pessoais. Elas nos atingem com uma intensidade que parece ser feita sob medida. O que é ruim para mim pode não ser para você, e vice-versa.

Às vezes, nos questionamos se é possível ficar sozinho com nossos pensamentos, sem que eles se tornem um fardo. A ideia de passar um tempo consigo mesmo pode parecer um luxo inalcançável para alguns. Eu me esforço para encontrar esse espaço, mas frequentemente me sinto como se estivesse tentando agarrar fumaça.

Há quem diga que, para nos perdoarmos, precisamos entender o que fizemos de errado ou o que deixamos de fazer. É um jogo complicado, onde frequentemente ficamos presos em um ciclo de autoanálise, tentando resolver uma equação emocional que parece nunca se igualar.

E aí vem o momento em que olhamos para nós mesmos e começamos a questionar. Por que fazemos o que fazemos? O que nos puxa para baixo como um peso invisível? Talvez, na verdade, o problema não esteja em nós, mas na maneira como lidamos com nossa própria presença. Às vezes, não conseguimos resolver nossos dilemas internos porque estamos tão imersos neles.

Você pode se deparar com o desejo de escapar, de não enfrentar a si mesmo. Às vezes, tudo o que queremos é um intervalo, um pequeno alívio das pressões que colocamos sobre nós. Mas a verdade é que essa fuga é temporária. Não podemos escapar de quem somos, nem mesmo por um instante.

No fim das contas, a solução está em nós. Ninguém mais pode nos salvar. O maior desafio é aceitar que, no fim, somos os únicos responsáveis pela nossa própria recuperação. Ao aceitarmos isso, talvez possamos encontrar um pouco mais de paz, mesmo quando os espelhos refletem uma imagem que ainda estamos tentando entender.

Você é você. E, por mais solitário que isso possa parecer, a verdade é que somente você pode ser você.

João Guató

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