Lúdio Cabral a estrela Lilás que Atravessou o Agro

Lúdio Cabral, o petista de lilás, vai de esquina em esquina em Cuiabá, como quem conduz uma campanha sob nova direção. O vermelho vibrante e a estrela do partido ficaram para trás, escondidos como figurantes que perderam o protagonismo. No lugar, um lilás suave e discreto pinta o cenário, enquanto o número 13, outrora onipresente, mal aparece. E Lula, o líder incontestável, sumiu dos vídeos de campanha, como se essa fosse uma luta local, sem a necessidade de padrinhos estrelados.

“Fizemos uma campanha de diálogo com o centro e até com o eleitorado conservador”, diz Cabral, revelando sua receita política, simples e direta. “Foi isso que nos deu 12% dos eleitores de Bolsonaro”, conclui, mirando uma parcela fundamental para quem precisa vencer na capital mato-grossense, onde Bolsonaro conquistou 66% dos votos em 2022. A estratégia é clara: reposicionar-se para conquistar aqueles que não votariam em um petista, mas que agora olham Cabral com outros olhos.

A mudança, porém, vai além do discurso e das cores. Ao seu lado, como candidata a vice, está Rafaela Fávaro (PSD), filha do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Essa aliança surpreende, sobretudo porque parte significativa do agronegócio, um setor que historicamente mantinha distância do PT, aderiu à campanha de Cabral. Num estado onde o agro é rei, ter a filha de Fávaro na chapa é mais do que uma estratégia eleitoral; é um gesto de abertura, um sinal de que Cabral quer dialogar com todos os lados.

A aproximação com o agro é simbólica. Se antes o PT se posicionava como o partido da classe trabalhadora, agora busca se conectar com os empresários do campo, produtores e grandes fazendeiros. É uma campanha que expande seu território, que joga nas pontas e tenta unir polos opostos. E nessa composição, o lilás da campanha reflete essa mistura: nem vermelho, nem azul, mas algo que surge do meio.

A escolha de Rafaela Fávaro como vice é um movimento que aponta para o futuro, uma tentativa de unir diferentes frentes e de se fortalecer em um terreno que, até pouco tempo, parecia inóspito para um petista. A política em Mato Grosso é sempre um jogo de equilíbrios, e Cabral parece estar construindo sua estratégia sobre bases que misturam tradição e inovação.

Mas a adesão de grandes nomes como Iraí Maggi, um dos expoentes do agronegócio, e Wilson Santos, ex-prefeito de Cuiabá, mostra que o jogo está realmente virando. O apoio desses pesos pesados regionais impulsiona ainda mais a campanha, que vem ganhando fôlego nas últimas semanas. E agora, com as pesquisas apontando 53% das intenções de voto para Cabral no segundo turno, ele assume a liderança. A corrida, que começou como uma ousadia, parece agora estar se consolidando em uma virada histórica.

João Guató

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