Maduro, a Trilogia: Um Sofá, Uma Faixa, e Zero Surpresas

E lá estava ele, Nicolás Maduro, em mais uma posse. A terceira. Quem diria? Bom, ele, claro. Entre aplausos calculados e uma coreografia de sorrisos bem ensaiada, o venezuelano subiu ao palco da história, mais uma vez se equilibrando no fio da realidade e do surrealismo latino-americano.

Enquanto isso, o povo – pelo menos aqueles que ainda têm internet – acompanhava o evento com a empolgação de quem assiste ao mesmo episódio de novela pela terceira vez. “O final é sempre igual”, murmurou Dona Gladys, virando mais uma colher de arroz com feijão na panela.

Mas vamos aos detalhes: Maduro, com sua indefectível faixa presidencial, parecia mais confiante que técnico de futebol falando em coletiva após um empate milagroso. “Estamos vencendo!” ele gritou, com aquele entusiasmo típico de quem acredita que filas por gasolina e inflação galopante são só cenários de um filme de ficção.

Os convidados internacionais também fizeram sua parte. Na plateia, um desfile de líderes e lideranças que não passariam nem no vestibular da democracia. Cada aperto de mão era uma espécie de “tamo junto”, só que sem subtítulos.

A estrela da posse, no entanto, não era o presidente. Era o sofá. Isso mesmo. O velho e fiel sofá do Palácio de Miraflores, aquele que já segurou mais discursos do que os alto-falantes do país. Maduro, claro, se sentou nele para fazer sua promessa de reconstrução. O sofá, coitado, suspirou. “Mais uma, chefe?”, parecia dizer, rangendo levemente.

Enquanto isso, do lado de fora, os camelôs aproveitavam a oportunidade para vender chaveiros com a cara de Bolívar, faixas com “Maduro 2030” e bonecos do próprio presidente. Não é capitalismo selvagem, é sobrevivência criativa.

E assim, entre fogos de artifício e discursos repetidos, a Venezuela começou mais um capítulo de sua saga. Maduro, o herói de sua própria narrativa, manteve o sorriso intacto, mesmo com o peso de um país nas costas. O que vem pela frente? Bem, se a trilogia seguir o roteiro, podemos esperar mais fila, mais promessas e, quem sabe, até um quarto mandato.

Enquanto isso, a Dona Gladys desligou a TV. “É muita novela pra pouco arroz”, resmungou, voltando à vida real, onde a posse é dela, todos os dias, sobre a cozinha.

João Guató

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