O Ano Novo Sob o Olhar do Calendário Chinês

A cada ano novo, o mundo se enche de promessas e esperanças, como se o simples ato de virar a página do calendário fosse capaz de renovar toda a energia que nos move. Porém, há algo curioso na passagem do tempo, algo que o calendário chinês, com sua profundidade simbólica, nos ensina de forma silenciosa, quase imperceptível. O Ano Novo chinês não começa no dia 1º de janeiro. Ele surge, ao contrário, na lua nova, com um brilho que se renova a cada ciclo lunar, nos convidando a refletir não sobre o dia que se segue, mas sobre o ano que já partiu e o que está por vir.

Este novo, que começa por volta do fim de janeiro ou início de fevereiro, não carrega a ansiedade dos primeiros dias do ano ocidental, quando se deseja realizar tudo o que foi adiado. O novo chinês é mais contido, mais profundo. Ele é uma promessa de transformação, mas não uma transformação apressada, urgente ou imediata. É um movimento que se arrasta, que não exige pressa. As lições do passado se amalgamam com as possibilidades do futuro, e a terra, reverente, espera a chegada da primavera.

Ao contrário da efervescência das celebrações ocidentais, que se estendem em festas e fogos de artifício, o Ano Novo chinês começa em um silêncio acolhedor, uma dança de preparativos minuciosos. É o tempo das famílias reunidas, dos rituais de limpeza, da decoração vermelha que afasta os maus espíritos e traz boa sorte. Mas, para quem observa mais atentamente, há um simbolismo oculto nos gestos simples e nas cores vibrantes. O vermelho, por exemplo, não é apenas a cor da sorte; é a cor do fogo, da proteção e do renascimento. Assim, o novo não chega como uma explosão de expectativas; chega como uma chama controlada, uma centelha que aquece e ilumina aos poucos.

Para o calendário chinês, o novo é moldado pelos animais do zodíaco, seres que não são apenas símbolos de anos, mas personificações de ciclos de energia que influenciam a vida cotidiana. Cada animal carrega suas qualidades, virtudes e desafios, e a cada ano a história do ciclo se reescreve. Se o ano passado foi o ano do Tigre, com sua energia audaciosa, corajosa e imprevisível, o próximo pode ser o ano do Coelho, símbolo da delicadeza, da paz e da cautela. Mas, acima de tudo, o calendário chinês nos ensina que o novo não é uma ruptura brusca com o passado, mas uma continuação de um fluxo contínuo, que nunca se apaga, mas se transforma.

E em 2025, o Ano Novo chinês se vestirá com a figura do Dragão. Este será o Ano do Dragão de Madeira, que começa em 17 de fevereiro de 2025, e promete um ciclo repleto de potência, movimento e transformações profundas. O Dragão, uma das figuras mais reverenciadas do zodíaco chinês, é símbolo de força, sabedoria e autoridade. Mas, no ano de 2025, com a influência da madeira, essa energia será moldada por renovação e criatividade, pela capacidade de construir novos caminhos com base em fundações mais sólidas e sustentáveis. A madeira, elemento associado ao crescimento e à expansão, traz consigo a promessa de novos começos e possibilidades imensas, mas também exige paciência e persistência, como o crescimento de uma árvore que se ergue lentamente, mas de forma constante.

Neste Ano do Dragão de Madeira, será um momento para impulsionar projetos, dar início a empreendimentos de longo prazo, mas também de buscar equilíbrio e clareza nas decisões. A energia do Dragão é expansiva, audaciosa e inspiradora, mas a madeira nos lembra da importância de cultivar, de nutrir o que foi iniciado para que floresça de maneira plena. Para aqueles que têm coragem de abraçar as transformações e se lançar ao desconhecido, será um ano de grandes conquistas, mas sempre com a necessidade de construir com base no que já foi aprendido.

Neste Ano Novo, enquanto o calendário chinês nos diz que o tempo é cíclico e renovador, talvez seja o momento de nos lembrar que o novo, em sua essência, não precisa de pressa. Não se trata de fugir do velho, mas de aprender com ele e abraçar a mudança que surge lentamente, como a lua nova que começa pequena, quase invisível, mas que cresce dia a dia até se tornar uma lua cheia, cheia de luz e de possibilidades.

O Dragão de Madeira em 2025 nos ensina que o novo não é apenas uma data, mas uma promessa que surge do fluxo contínuo do tempo, da união entre o passado e o futuro. Como a natureza se prepara para florescer no seu próprio tempo, também nós devemos aprender a cultivar nossa renovação com paciência e respeito, permitindo que o novo se revele em sua plenitude, sem pressa, sem pressão.

João Guató

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