O Punhal Verde e Amarelo dos Kids Preto
Crônica Literária – O Pasquim do Pântanos
O Brasil, ó meu Brasilzão varonil, acordou outra vez com aquele gosto amargo de golpe malfadado. Naquelas manhãs em que a PF faz a gente se sentir protagonista de uma série da Netflix – só que sem a trilha bacana e com um elenco pra lá de questionável. E a trama? Dá nó na cabeça: generais aposentados, coronéis metidos a James Bond de brechó e um policial federal no papel de coadjuvante atrapalhado. Tudo isso temperado com planos maquiavélicos de enfiar o país em outra década perdida.
É golpe, diria a vovó com o dedo em riste. Golpe dos malucos que acham que democracia é um jogo de War onde dá pra chutar o tabuleiro quando a sorte não ajuda. E quem são os protagonistas dessa ópera bufa? Os famigerados “Kids Pretos”. Nada de heróis Marvel, meu amigo, são os especialistas do Comando de Operações Especiais, treinados para tudo – até para esquecerem a Constituição na gaveta.
Agora, me diz: onde foi parar aquele juramento patriótico feito nos quartéis? Juraram defender o Brasil e acabaram armando pra derrubar o presidente, o vice, e – por que não? – uns ministros do STF, como se fossem peças de xadrez. E o plano? Esse tinha até nome de filme de ação de segunda categoria: Punhal Verde e Amarelo. Parece que alguém faltou na aula de criatividade, mas tava presente na aula de subversão.
E olha só o elenco: o General Mario Fernandes, mais aposentado que guarda-chuva em Cuiabá, mas ainda metido a estrategista de boteco. Tinha também o Tenente-Coronel Hélio Lima, que trocou táticas de guerra por guerrinhas de Whatsapp. Os majores Rodrigo Azevedo e Rafael Martins, figuras que achavam que podiam brincar de Call of Duty no Brasil real. E, fechando a trupe, o agente federal Wladimir Matos Soares – que, sinceramente, parece ter saído direto de um episódio de Os Trapalhões.
Mas o golpe deles era tão desastrado que até o velho Getúlio deve ter dado uma risadinha no túmulo. Planejavam assassinatos como se fossem comprar pão na esquina. Talvez, no fundo, achassem que daria certo – ou que o povo ia aceitar calado enquanto meia dúzia de desajustados chutavam a porta da democracia.
O problema, meu caro leitor, não é só o golpe tosco, mas o que ele revela: uma semente de golpismo plantada há tempos e regada com ideologias rançosas. Não são apenas os Kids Pretos que estão no banco dos réus. É uma cultura que resiste dentro de instituições que deveriam ser o alicerce da democracia.
E agora? Agora é hora de cobrar explicações, de botar luz onde só havia sombras e purgar esse vírus de dentro do sistema. Se o Exército e a PF ainda quiserem algum respeito, é bom começarem a limpar a sujeira – porque o Brasil tá cansado de filme ruim.
Enquanto isso, seguimos atentos. O golpe de hoje vira a piada de amanhã, mas não podemos esquecer que rir demais pode nos distrair do que realmente importa: defender a liberdade de sermos um país que tropeça, mas não cai.
E que venha o próximo capítulo. Aqui no Pasquim do Pântano, a gente não larga o osso.