O Rasqueado Político e o Agronegócio
Cuiabá está vivendo um burburinho diferente. O assunto nas feiras, nos mercados e até nas rodas de guaraná ralado era o apoio inesperado de Elusmar Maggi Scheffer, sócio do grupo Bom Futuro, a Lúdio Cabral. Para muitos, aquilo era como ver o sol nascer no oeste: os grandes nomes do agronegócio, tradicionalmente mais próximos de candidatos conservadores, agora estavam do lado do petista. O espanto era tanto que o assunto ecoava nas esquinas como se fosse o anúncio de um temporal vindo lá do Coxipó.
“O que será que deu no Maggi?”, perguntava dona Neide, ajeitando as sacolas de feira. Ninguém sabia ao certo, mas o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, tratou de pôr mais lenha na fogueira ao afirmar que o apoio de Elusmar não era isolado. Outros grandes empresários de Mato Grosso, como Marcelo Maluf e Jorge Pires de Miranda, estavam na mesma barca, comparando os candidatos e deixando de lado as velhas divisões partidárias. “A eleição de segundo turno é assim, é comparação. E o Lúdio está mais preparado”, afirmou o ministro, que também é pai da candidata a vice, Rafaela Fávaro.
Fávaro também tratou de esclarecer um ponto importante, que muito cuiabano comentava baixinho: o apoio da família Maggi não era financeiro. “A campanha do Lúdio é patrocinada pelo Partido dos Trabalhadores”, garantiu ele. “O que estamos vendo é a adesão da sociedade ao projeto do Lúdio, porque ele está pronto para ser o gestor que Cuiabá precisa.”
Enquanto isso, o povo, entre um tereré e outro, ia assimilando a notícia. A comparação entre os candidatos ganhava força, e o nome de Lúdio crescia na boca do povo. “No primeiro turno, cada um vota conforme a amizade ou preferência partidária. No segundo turno, a história é outra”, explicou o ministro. E era bem isso que se ouvia no bar do Zé. Agora, a conversa era sobre quem tinha mais competência para administrar a cidade.
O crescimento de Lúdio nas pesquisas, que havia começado 11 pontos atrás de Abilio Brunini, dava ares de virada. Mas Fávaro, com os pés fincados no chão cuiabano, preferiu não cantar vitória antes da hora. “Há um empate técnico, e essa semana é decisiva”, advertiu, com a sabedoria de quem já viu muita poeira levantar e assentar.
Cuiabá, por sua vez, segue no compasso dessa disputa. De um lado, empresários de peso, de outro, o povo que debate no WhatsApp, nos botecos e nas padarias. Todos de olho no que virá. “O Lúdio parece que já pegou a dianteira”, comentava seu Alfredo, ajustando o chapéu de palha contra o sol escaldante. “Mas só no domingo a gente vai saber quem é que vai conduzir o rasqueado dessa prefeitura.”