O Rei de Mato Grosso e o Morro de Santo Antônio

No palácio do governo, Mauro Mendes parece ter adotado um lema próprio: “O que vale é a minha vontade.” É assim que ele governa Mato Grosso, de cima de uma torre feita de decisões arbitrárias e uma arrogância que, à primeira vista, pode até impressionar, mas que desmorona diante da lógica. E lá, no horizonte, está o Morro de Santo Antônio, testemunha silenciosa de um governo que trata o patrimônio ambiental como obstáculo, e não como herança.

Quando as máquinas subiram o morro, elas carregavam mais do que terra; carregavam o peso de uma gestão que acha que progresso é sinônimo de destruição. Mauro Mendes, o todo-poderoso da vez, parece acreditar que leis ambientais são apenas detalhes irritantes no caminho de suas ideias de “desenvolvimento”. Afinal, para que respeitar o plano de manejo ou as normas de uma unidade de conservação? O governador já decidiu: o que ele quer, ele faz.

O problema é que o Morro de Santo Antônio não é só um pedaço de terra à disposição do seu governo. É um patrimônio histórico, tombado e protegido pela lei. É um lugar que guarda a identidade e a memória de Cuiabá. Mas, para Mauro Mendes, nada disso parece importar. Ele governa como quem empurra uma retroescavadeira: sem olhar para trás, sem pensar no impacto de suas decisões.

“Erro de execução”, disseram seus subordinados para justificar o desastre no morro. Mas um erro só acontece quando há intenção de acertar, e o que vimos ali foi a prepotência do improviso. Abrir uma estrada sem planejamento, sem diálogo, sem respeitar as leis ambientais, é mais do que um erro técnico: é um reflexo da soberba de quem acha que o poder é um passe livre para ignorar regras.

A arrogância de Mauro Mendes não para no Morro de Santo Antônio. Ela ecoa em toda sua gestão ambiental, marcada por decisões que colocam o lucro e a conveniência acima da sustentabilidade. É o governador que defende o desmatamento como se fosse um sacrifício necessário, que trata rios e florestas como commodities, e que enxerga a biodiversidade de Mato Grosso como algo negociável. Tudo em nome de um progresso que, no fundo, beneficia poucos e custa caro para todos.

Se o morro pudesse falar, talvez dissesse: “Já vi governantes passarem antes de você, Mauro, e verei muitos outros depois.” Porque a terra é paciente, e o cerrado tem memória longa. Mas quem será lembrado com respeito? Certamente não será o governador que tratou o patrimônio ambiental como algo descartável, nem o político que confundiu poder com licença para destruir.

O Morro de Santo Antônio segue lá, ferido, mas de pé. E talvez seja esse o maior recado ao governo Mauro Mendes: a arrogância pode ser alta, mas nunca será mais alta do que um morro que guarda séculos de história. Porque a prepotência, como toda má gestão, é passageira. Já a natureza e a memória coletiva de um povo? Essas são eternas.

João Guató

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