Óvnis e Segredos dos Céus da Amazônia
Às primeiras luzes do amanhecer do dia 13 de janeiro do ano passado, um voo da Azul que partia de Ourilândia do Norte para Belém encontrou mais do que a beleza de um céu tropical. Por pouco mais de meia hora, os pilotos foram testemunhas de um fenômeno que desafiava a lógica: duas luzes brancas que dançavam no espaço, ora parando, ora avançando em um zigue-zague inquietante.
Imaginemos, então, a cena do cockpit, onde a realidade se entrelaça com o inexplicável. Os pilotos observavam as luzes com uma mistura de perplexidade e fascínio. Elas se moviam de forma errática, alternando entre ascensões e descidas vertiginosas, atravessando o horizonte como se desafiando as leis naturais do voo. Era como se o céu, em vez de ser um palco de tranquilidade, fosse o cenário de uma performance celestial, fora do alcance de qualquer explicação comum.
Este episódio é um entre os aproximadamente 80 relatos de objetos voadores não identificados (óvnis) que a Aeronáutica brasileira catalogou em 2023. A revelação dos documentos, agora disponíveis ao público através do Arquivo Nacional, abre uma janela para um mundo onde o incompreensível se torna quase tangível. O número de avistamentos, embora menor do que os 44 de 2022, ainda assim supera os nove registrados em 2021, sugerindo que o mistério dos céus continua a se desdobrar.
Os documentos revelam uma variedade fascinante de relatos. Em uma descrição, uma luz que surgia e sumia periodicamente se movia em padrões que nenhum satélite ou lixo espacial poderia replicar. Outro testemunho, datado de janeiro de 2023, descreve objetos luminosos que formavam um círculo e se aproximavam e distanciavam no céu, uma coreografia que parecia desafiar a física. Em alguns casos, como o avistamento em Beberibe, no Ceará, objetos foram capturados em fotografias de baixa qualidade, intensificando o mistério sem oferecer respostas claras.
Os registros da FAB documentam avistamentos em diferentes partes do Brasil, desde o litoral paulista até a região de Fortaleza, e até mesmo sobre o Rio das Ostras. A descrição desses objetos varia amplamente, de “uma caneta grande amarela” a um “charuto em forma de objeto”, sempre com características que se destacam por sua velocidade e comportamento não convencional.
No entanto, apesar do volume e da diversidade dos relatos, a Aeronáutica se limita a catalogar e arquivar essas informações, sem realizar análises profundas sobre a origem ou a natureza dos fenômenos. Para o advogado pernambucano Thiago Bezerra de Melo, especialista e entusiasta do tema, esta é uma questão de segurança nacional. “Pode ser alguma aeronave sobrevoando ilegalmente o espaço aéreo do país”, reflete Bezerra, sugerindo que o enigma não é apenas sobre o desconhecido, mas sobre o que pode estar acontecendo acima de nossas cabeças, sem que tenhamos plena consciência.
À medida que os documentos e registros vão sendo disponibilizados ao público, o céu continua a nos fascinar com seus segredos. A cada avistamento, a cada relato, o mistério se aprofunda, e o horizonte parece se estender além do imaginável, convidando-nos a explorar o que está além das estrelas, e talvez, mais próximo de nós do que pensamos.